Venda de reserva de níquel no Brasil para a China gera crise diplomática: setor privado dos EUA pede intervenção de Trump e pressiona governo em disputa global
A venda da reserva de níquel no Brasil para a China está criando uma crise diplomática entre os EUA e o Brasil. O setor privado americano pediu formalmente que o presidente Donald Trump intervenha na transação, estimada em US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões), e pressione o governo brasileiro a reconsiderar a venda. A operação envolve os ativos da Anglo American em Goiás, Mato Grosso e Pará, adquiridos pela MMG Limited, empresa controlada pela estatal chinesa China Minmetals Corporation.
Um novo equilíbrio global
A MMG Limited, empresa controlada pela China Minmetals Corporation, está compra os ativos da Anglo American no Brasil, o que pode redefinir o equilíbrio global de minerais estratégicos. A transação inclui minas de ferroníquel e projetos de exploração futura, o que pode consolidar o domínio chinês sobre a cadeia global de suprimentos de níquel, mineral essencial para baterias, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.
Os EUA estão preocupados com o impacto que essa venda pode ter sobre a indústria de aço inoxidável americana, responsável por 65% da demanda mundial pelo mineral. Segundo o Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI), o controle chinês sobre o níquel brasileiro ampliaria vulnerabilidades na indústria americana. O pedido de intervenção foi enviado ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), em meio ao conflito comercial desencadeado pelo tarifaço imposto por Trump ao Brasil.
O interesse chinês
O interesse chinês não é apenas sobre a produção imediata, mas sim sobre garantir acesso futuro e estratégico a esses minerais críticos. O Brasil e a Indonésia concentram quase metade das reservas globais de níquel, e a China já tem uma forte presença na Indonésia após investimentos bilionários. Agora, o Brasil seria o próximo passo de Pequim.
A Anglo American confirmou que a venda inclui as unidades de Barro Alto e Codemin, em Goiás, além dos projetos Morro Sem Boné (MT) e Jacaré (PA). Somente em 2023, essas operações brasileiras produziram cerca de 40 mil toneladas de níquel, número significativo diante da crescente corrida global por minerais críticos.
Risco à segurança energética e tecnológica
Esse movimento é visto em Washington como risco direto à segurança energética e tecnológica americana. A venda da reserva de níquel brasileira para a China pode ampliar a influência chinesa na economia global e criar uma vulnerabilidade estratégica para os EUA.