O plano dos Coelho Diniz: GPA faz demissões e renegocia R$ 15 bilhões em impostos
Em um movimento de contundência, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), dono das redes Pão de Açúcar e Extra, deu uma guinada decisiva na sua política de gestão. Em busca de economizar recursos e resolver uma dívida tributária que ameaça seu futuro, a varejista caiu em cima de um plano drástico para cortar despesas, suspender a expansão e vender ativos valiosos.
Redução de custos e ajustes de gestão
A diretoria do GPA, comandada interinamente pelo CFO Rafael Russowsky, anunciou um plano de eficiência que visa economizar até R$ 800 milhões anualmente. O pacote inclui a demissão de mais de 700 funcionários, uma redução significativa em um momento em que a economia está passando por uma crise. Além disso, a companhia revisará contratos, enxugará despesas administrativas e reduzirá o investimento em infraestrutura e tecnologia, de R$ 146 milhões para R$ 200 milhões a R$ 250 milhões por ano. As despesas com vendas, gerais e administrativas já caíram para 19,5% da receita líquida, o menor patamar em dois anos.
Mudanças na gestão e na estratégia
O movimento marca a primeira guinada sob o comando da família Coelho Diniz, que se tornou a maior acionista da companhia. O grupo Casino deixou o controle e o ex-CEO Marcelo Pimentel se demitiu do cargo horas antes do anúncio. Segundo o CFO, a empresa precisa se adaptar ao seu novo tamanho, e a nova gestão está buscando eficiência com “um rigor maior”. “Temos um novo paradigma daqui pra frente. O conselho, sob liderança do André [Coelho Diniz], passou a mergulhar nos números, questionar o status quo e trazer uma visão mais próxima da operação”, afirmou Russowsky.
Passivo tributário: o desafio mais difícil
O GPA enfrenta um passivo tributário de R$ 15 bilhões e cerca de 70% desse valor correspondem a multas e juros acumulados ao longo de disputas. O pagamento de tão alta dívida pode significar uma catástrofe financeira para a empresa, e a gestão está tentando renegociá-la. O plano inclui a venda de um ativo “relevante” para destinar todo o recurso à redução de dívida.
O que resta para o GPA?
No entanto, o GPA já vendeu boa parte do seu portfólio de ativos, incluindo postos de combustíveis, a antiga sede administrativa e os hipermercados Extra. A companhia também promoveu vendas de imóveis e operações de sale-leaseback para reforçar o caixa. Mas mesmo assim, a gestão acredita que haja opções para monetizar contratos de corretagem de seguros e transformar uma despesa de cerca de R$ 200 milhões anuais em fonte de receita.
Venda de ativos e busca por caixa
A gestão do GPA avalia negociar a venda de mais ativos para reduzir a dívida. Mas o que resta? O grupo já fez várias vendas de ativos nos anos anteriores. A questão é como será capaz de resolver a situação financeira. O desafio é enorme, mas a nova gestão está confiante de que será capaz de superar os obstáculos.