“Jeanne Dielman”, aclamado como o melhor filme de todos os tempos pela renomada revista Sight & Sound em 2022, retorna às telas brasileiras em uma versão restaurada. A experiência cativante que transcende gerações está de volta para ser apreciada por novos espectadores e reavivada por cinéfilos. A distribuição ficará a cargo da FILMICCA, a partir desta quinta-feira, 11 de setembro.
A rotina que desmorona
O longa, dirigido pela icônica Chantal Akerman, mergulha na vida de Jeanne Dielman, uma dona de casa viúva e solitária, vivida pela magnífica Delphine Seyrig. A história acompanha os três dias de rotina meticulosa de Jeanne, repleta de tarefas domésticas como arrumar as camas, preparar o jantar para seu filho e buscar formas de sobreviver em sua rotina aparentemente monótona.
Mas a precisão e a regularidade com que Jeanne conduz os seus dias começam a se desfazer lentamente, revelando uma tensão crescente e a fragilidade da aparente paz. Através de uma lente atenta e poética, Akerman constrói uma obra singular que explora as nuances da experiência feminina e os labirintos da solidão.
Reconhecimento e Elogios
Desde sua estreia, “Jeanne Dielman” conquistou a crítica internacional, sendo exaltado por cineastas renomadas. Céline Sciamma, mestre por trás de “Retrato de Uma Jovem em Chamas”, a descreveu como “poderoso e radical”. Já Claire Denis, autora de “Bom Trabalho”, o definiu como “uma aula de direção”. A cineasta belga Agnès Varda, em sua obra “Cléo das 5 às 7”, classificou a obra como “essencial”.
“Jeanne Dielman” é um marco na história do cinema, um filme que se destaca por seu estudo profundo e complexo do personagem, com a magistral atuação de Delphine Seyrig. A obra também é considerada uma das representações mais hipnóticas e completas do espaço e tempo na sétima arte.
Um clássico atemporal
O filme, que foi exibido na Quinzena dos Cineastas no Festival de Cannes em maio de 1975, quando Chantal Akerman tinha apenas 24 anos, continua a ser analisado e debatido por diferentes gerações de entusiastas do cinema. A obra permanece relevante por abordar temas universais da condição humana, como a solidão, a rotina e a constatação da própria fragilidade.
Com um elenco que conta ainda com nomes como Jan Decorte, Henri Storck, Jacques Doniol-Valcroze e Yves Bical, “Jeanne Dielman” é uma experiência cinematográfica inesquecível que vale a pena assistir e refletir sobre suas camadas e profundidades. É um filme que abala e convida à contemplação. A promessa é de uma experiência cinematográfica singular, que irá despertar emoções e provocar reflexões profundas sobre a vida e a arte.