Falso e mentiroso: Lula rebate críticas em meio à COP30 ao falar sobre o teste de petróleo na Foz do Amazonas
Em um movimento surpreendente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dar voz a um assunto sensível enquanto participava da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, no Pará. Na terça-feira passada, o presidente recebeu jornalistas estrangeiros e rebateu críticas em relação à autorização concedida para a Petrobras realizar testes exploratórios de petróleo na Margem Equatorial, no Estado do Amapá.
Segundo Lula, ele não esperaria pela conclusão da COP para anunciar a decisão. “Se eu fosse um líder falso e mentiroso, eu esperaria passar a COP para anunciar”, declarou o presidente, reforçando que seu governo busca agir com transparência. Isso não significa, no entanto, que a exploração de petróleo comece imediatamente. A atual licença é apenas para realizar testes e coletar informações geológicas.
Testes exploratórios na Foz do Amazonas
A área de pesquisa fica na Bacia da Foz do Amazonas, que é considerada uma das maiores apostas da Petrobras para ampliar a produção nacional de petróleo. Especialistas acreditam que a região tenha um potencial energético semelhante ao do Pré-Sal, mas é também uma área ambientalmente sensível devido à proximidade com ecossistemas costeiros amazônicos. Isso tem gerado preocupações entre ambientalistas e comunidades locais que temem riscos à biodiversidade marinha e impactos às populações que dependem dos recursos naturais da costa.
Lula reforçou que a autorização não significa que a exploração de petróleo seja imediata. Se as reservas de petróleo forem encontradas, um novo processo de licenciamento ambiental será necessário antes de qualquer atividade de extração. “Temos autorização para fazer o teste. Se a gente encontrar o petróleo que se pensa que tem, vai ter que começar tudo outra vez para dar licença”, explicou o presidente.
Desafios e críticas
A exploração de petróleo na Margem Equatorial ainda enfrenta vários desafios. A Petrobras enfrenta obstáculos na venda de campos de petróleo em águas rasas no Brasil, com custos de descomissionamento e a rejeição da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) atrasando o processo. Além disso, a própria exploração de petróleo e gás já não é mais a mesma com a evolução das tecnologias e a crescente importância da sustentabilidade.
Enquanto isso, a autorização para o teste de petróleo foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Para muitos especialistas, explorar petróleo na Margem Equatorial é contraditório com a transição energética, considerando a crescente necessidade de mudar para fontes de energia renovável para proteger o meio ambiente.