Da desconfiança ao rali: o que fez a MBRF, dona da Sadia, saltar mais de 20% em dois pregões
Neste momento, a companhia da MBRF, resultado da fusão entre Marfrig e BRF, lidera as altas do Ibovespa, com uma ascensão de 15,6% em apenas um dia. As ações MBRF3 fecharam em R$ 18,50, enquanto o principal índice da B3 avançou 0,34%. Mas o que levou a essa explosão?
Um acordo de US$ 500 milhões com a Arábia Saudita é a chave para a disparada da MBRF
A resposta está no acordo de US$ 500 milhões anunciado na segunda-feira (27) com o fundo soberano da Arábia Saudita (PIF), que prevê a criação da Sadia Halal – uma joint venture com planos de IPO no Reino em 2027. Esse acordo abriu caminho para a alta de 6,45% na segunda-feira e levou à disparada de 23% dos papéis da companhia na terça-feira.
A alta foi resultado de um movimento comprador não especificado, vindo de diversas corretoras. Isso pode indicar que os investidores estão saindo da posição vendida (short) para a compradora (long), ou, em outras palavras, estão apostando na subida das ações em vez de na queda. Alguns operadores atribuíram o principal movimento a grandes investidores que formaram a “força compradora” no dia.
O risco de um short squeeze
Quando um investidor quer ganhar com a baixa de uma ação, ele a aluga de outro investidor e a vende na sequência, pagando uma taxa ao dono e esperando para recomprá-la mais barato depois. Mas há um risco que se torna cada vez maior quando os investidores começam a comprar, o que é conhecido como short squeeze. É quando aqueles que estão apostando na queda do papel precisam correr para cobrir suas posições “vendidas”, mas enfrentam dificuldade em encontrar os papéis a preços baixos. E, em vez disso, os preços continuam subindo, o que só agudiza o problema.
Hoje, 13,7% das ações em circulação da MBRF estão alugadas, um número relevante que coloca a companhia no caminho de um short squeeze. Isso não é um número específico, mas sim um indicador de que há muitos investidores apostando na queda do papel. Além disso, a quantidade de dias necessários para zerar as posições de aluguel também conta nessa matemática. No caso da MBRF, são 7,2 dias, o que pode ser considerado um período curto.
A fusão e a disputa pelas ações
A fusão entre Marfrig e BRF foi o ponto de partida para a desconfiança dos investidores. Os papéis da antiga BRF vinham sendo penalizados pela relação de troca, que dava a cada ação da dona da Sadia a equivalência de 0,85 ação da nova MBRF, o que era visto como um deságio. Isso levou a uma queda de cerca de 10% nas ações até a véspera da terça-feira. Mas o acordo com a Arábia Saudita pode ter mudado a percepção dos investidores em relação à companhia.